terça-feira, 25 de outubro de 2011

A culinária como fonte pedagógica enriquecedora com alunos de inclusão


Esta aula foi sugerida por uma de minhas alunas com deficiência intelectual que tem como tradição cozinhar ou degustar bolos e doces com sua mãe. Numa das aulas ela sugeriu que fizéssemos uma das receitas de sua mãe. Pedi para que trouxesse então, a receita por escrito. Na aula seguinte Maria trouxe o livro de receitas da mãe. Selecionamos o biscoito do céu. Aproveitei e sugeri a produção dos biscoitos para as outras turmas. Foi um sucesso. Fizemos compras no mercado da comunidade e seguimos passo-a -passo a receita de biscoitinhos do céu. Eles puderam comer alguns biscoitos na sala e levar alguns para degustar com seus familiares. 
       É importante ressaltar que hoje se busca por um ensino coletivo onde todos os alunos sem exceção tenham acesso ao conhecimento. Espera-se inclusive que a escola comum recrie suas práticas pedagógicas reconhecendo e valorizando as diferenças. 
       As autoras Limaverde e Lustosa (2000) mostram que o processo de inclusão na escola comum é um caminho que cada um deve traçar, construindo seu próprio percurso de acordo com as necessidades, anseios e sonhos tanto dos alunos como de todos os profissionais envolvidos, não se esquecendo de considerar os recursos e as potencialidades da comunidade escolar na qual se encontra inserido.É importante ressaltar também, que os apoios cognitivos devem vir do ambiente, pois as crianças com deficiência intelectual não recorrem aos seus próprios recursos cognitivos. Não se podem desprezar os fatores motivacionais, ou seja, as interações sociais, as expectativas, a autonomia, a auto-imagem e a auto-estima. Já se sabe que se a qualidade da motivação for negativa afetará o desempenho cognitivo da pessoa com deficiência intelectual, isto é, compromete seus esquemas cognitivos. É importante que se foque em propostas desafiadoras.

Construção com legos


Momento rico, lúdico e prazeroso na construção do raciocínio lógico-matemático

Minha trajetória e meu ingresso no Atendimento Educacional Especializado

Há ainda um grande caminho a ser galgado nesta fase de minha profissão. Sempre digo que ser professora foi escolha do destino, pois foi colocada em minha vida em 1985 com o propósito de ensinar crianças entre sete e onze anos de idade a praticar o esporte esgrima. Minha escolha profissional tinha sido a psicologia, porém deixei o curso para estudar na Inglaterra e, no retorno lecionei numa escola bilíngüe de educação infantil. Desde essa época, 1987, não parei de lecionar. Aprendi na prática e em pequenos cursos de especialização como conviver e dar aulas para crianças.
Tornei-me pedagoga somente em 2001. Ao longo desses anos é interessante relatar que os gestores encaminhavam para minha sala crianças com difícil temperamento e com dificuldades acentuadas de aprendizagem, alegando que tinha o perfil para “lidar” com elas. Antes de buscar a educação especial como recurso para aprender e compreender melhor como desenvolver um trabalho significativo com crianças com necessidades especiais educacionais, busquei apoio no curso de especialização em psicopedagogia.
Em 2007, fui convidada para ingressar em uma das salas recém inauguradas na rede municipal de São Sebastião de recursos para atender crianças com deficiência e ou com dificuldades acentuadas de aprendizagem. Este programa recebe o nome de E.A.P.E. (Espaço de Apoio Pedagógico Especializado) e, desde então, encontro-me nesse trabalho como professora especialista.
Nessa proposta do E.A.P.E., a educação especial é focada na perspectiva da educação inclusiva e vem de encontro com a problemática das práticas predominantes e espera que o foco seja sob o conceito de diferença, como possibilidade de compreender a relação da percepção de si e do outro.
 A partir da aplicação do Decreto nº 6571 por meio das salas de E.A.P.E. (Espaço de Apoio Pedagógico Especializado) no município de São Sebastião é que foram possíveis e esperadas ações que promovessem a participação efetiva de todos os alunos no cotidiano escolar, apesar das barreiras ainda fortemente presentes no ambiente educacional.
Desta forma, a elaboração deste trabalho vem de encontro de um lado com as barreiras ora explícitas e ora implícitas impostas pelas crenças e mitos de uma sociedade retrograda e, de outro com esforços para que se possa vivenciar as conquistas, observarem efetivamente as superações dessas crianças ditas “especiais” neste mesmo ambiente, mas, com um olhar para o todo, com um olhar para as potencialidades e possibilidades, com um olhar para as trocas e em fim, com um olhar para o ser e não para o limite imposto pela deficiência em si.